Indígenas de nove aldeias protestaram nesta terça-feira (8) em Miranda, no Mato Grosso do Sul, contra áudio disseminado em aplicativo de mensagem que traz comentários ofensivos sobre os povos originários.
Cerca de 400 pessoas, entre elas lideranças, jovens, mulheres, crianças e idosos, em grande parte da etnia Terena, se reuniram na Praça Agenor Carrilho, no centro da cidade, após considerarem o teor da mensagem como crime de racismo.
No áudio, uma moradora do município comenta o resultado das eleições municipais com uma segunda pessoa e rotula os indígenas como “traíras”.
“Você dá cinco quilos de arroz, o outro vai lá e dá seis quilos, ele [o indígena] vira [o voto] na hora”, comenta.
A mulher, que se identifica como Vera, utiliza outros termos ofensivos para se referir aos indígenas, indicando, inclusive, ações de violência contra essa população.
“Eu tenho nojo, eu sou índia, mas eu tenho nojo de bugre. Esses bugres tinham que amarrar um por um pelo pescoço e pendurar”.
Os manifestantes percorreram as ruas da cidade com cartazes pedindo por justiça e registraram o caso na delegacia da Polícia Civil. A Fundação Nacional dos Povos Originários (Funai) também foi comunicada.
“Nós vamos abrir um inquérito contra essa senhora para que ela possa responder o seu ato dentro da lei”, afirmou o chefe regional da Funai em Campo Grande, Elvisclei Polidório.
O cacique da aldeia Argola, Edelson Antônio, repudiou a atitude da mulher. “Registramos boletim de ocorrência por causa do ato criminoso que discriminou nossa comunidade indígena”.
O delegado da Polícia Civil de Miranda, Daniel Dantas, confirmou ao g1 que o caso foi registrado como racismo qualificado e será encaminhado para a Polícia Federal.
“A comunidade indígena como um todo foi alvo do discurso preconceituoso da autora. Não teve uma vítima individualizada como seria o caso de uma injúria racial”, explica o delegado sobre a federalização do caso.
fonte: G1